Esperança para as mulheres

  • Mioma Uterino

A era digital têm sido grande aliada da mulher na procura de tratamentos pouco invasivos que evitam a mutilação

Descobrir que se tem mioma no útero não é nada agradável. Para muitas mulheres, o diagnóstico chega a ser apavorante, pois, no primeiro momento, pode significar a esterilidade – isso porque o tratamento indicado pode ser a retirada do útero. “É alternativa para pacientes que querem tratar o problema sem perder o útero, que é tido como um órgão da feminilidade da mulher ponto muitas vezes, a sua retirada pode trazer problemas de autoestima baixa”, observa o Doutor Alexander Ramajo Corvello do Instituto de Radiologia intervencionista (INRAD).

A embolização do mioma do útero é um tratamento não cirúrgico que dura em torno de uma hora. A técnica é minimamente invasiva (não há cortes grandes nem profundos, portanto é pouco agressiva ao organismo) e não precisa de pontos. Numa analogia a um balão, o procedimento age como se esvaziasse o mioma. Com a técnica, o sangue não entra no mioma e, assim, pára de alimentá-lo com um dos hormônios femininos que é essencial para o tumor, o estrogênio. O tamanho dos miomas podem variar de 1 a 10 cm e são mais frequentes entre os 30 e 40 anos, período em que a maioria das mulheres pretende engravidar, em que existe maior quantidade do estrogênio no organismo, completa.

A embolização pode ser usada para tratar vários tumores e tem índices de sucesso para controle dos sintomas em torno de 89 a 92% segundo a literatura médica disponível. Nos últimos anos, mais de 20 mil pacientes já foram submetidas a essa técnica, que tem a aprovação de um dos órgãos mais exigentes dos Estados Unidos e do mundo, ou FDA (Food and Drug Administration).

Dr Corvello explica que nem sempre os miomas acarretam sintomas, mas dependendo do tamanho e localização, as mulheres sofrem com sangramento fora de época, períodos menstruais prolongados e com fluxo aumentado, o que pode acarretar anemia, além de dores fortes no baixo-ventre, tanto em repouso quanto realizando esforço físico, inclusive durante o ato sexual. “Pressão na bexiga, aumentando a frequência de urinar e dificultando o convívio social normal também é um forte indício da presença de miomas. Quando há sintomas a situação se complica, pois afeta a qualidade de vida da mulher em todos os sentidos. Não é fácil manter o ânimo e a disposição com tantos desconfortos”, comenta o médico.

O problema, geralmente, é diagnosticado durante os exames de rotina e confirmado com uma ultrassonografia abdominal. Dr Corvello recomenda fazer sempre exame de rotina e avisa que a infertilidade feminina ou abortos precoces podem ser algumas das consequências de mioma. A causa de seu surgimento no útero da mulher ainda não é completamente conhecida, mas acredita-se que a disposição genética pode ter uma forte influência.

Órgão da feminilidade

Para muitas mulheres, o útero é sinônimo de fertilidade e feminilidade. É um órgão considerado especial. A possibilidade de ter que retirá-lo torna-se, portanto, uma angústia.

A descoberta de vários miomas, há cinco anos, deixou a designer Loraine Fiat Vôos, de 46 anos, preocupada. O diagnóstico e a recomendação para retirar o útero a levaram ao desespero. “Eu não conseguia aceitar a ideia de ficar sem o meu útero”, desabafa. Procurando a opinião do Dr Corvello, ela foi informada sobre a embolização. “Após o procedimento a minha vida melhorou 99%. Por causa do sangramentos constantes eu já estava anêmica, sem falar nas cólicas que sentia. A minha tortura começava sempre uns 10 dias antes do meu ciclo menstrual”, conta Loraine, que melhorou já no primeiro mês depois que fez a embolização dos miomas em Julho de 2005. O maior dos tumores já média seis centímetros e o seu útero estava 40% maior do que o tamanho normal. “Hoje me sinto ótima e feliz livre daqueles desconfortos e, além disso, não precisei tirar meu útero”, comemora a designer.

Já a escriturária Dalva Aparecida, de 40 anos, não sentia quase nenhum sintoma. O único inconveniente era o fluxo menstrual irregular e muito mais intenso. Foi por acaso, no exame de rotina, que descobriu que tinha miomas no útero. Ela também ficou apavorada e não queria ficar sem o seu útero, principalmente por causa da infertilidade. Quando descobriu que poderia fazer uma embolização, ficou bem mais tranquila. O procedimento foi realizado em 2004. “A minha menstruação regularizou, mas o principal e mais importante de tudo é que ainda tenho chance de engravidar”, declara Dalva.

Breve história da embolização de mioma uterino

No início da década de 90 o ginecologista francês Jacques Ravina descobriu a técnica de embolização de miomas uterinos. Ele precisava diminuir o sangramentos que ocorriam durante e após a cirurgia de retirada de miomas. Quando suas pacientes tinham hemorragias durante e após a cirurgia, ele pedia para o radiologista intervencionista descer ao hospital para fazer uma embolização (obstrução do fluxo sanguíneo das artérias uterinas), afim de diminuir as chances de sangramento durante a cirurgia, por isso ele começou a pensar em utilizar a embolização uterina algumas semanas antes da cirurgia de retirada dos miomas para evitar a ocorrência de sangramentos, assim como já era realizado em outros órgãos, a exemplo, nos tumores renais. Foi constatado que as pacientes submetidas a embolização uterina tiveram significativa diminuição ou desaparecimento dos sintomas provocados pelos miomas.  Daí, vieram os primeiros resultados positivos da embolização dos miomas no útero. Essa descoberta acidental, a cerca de 10 anos, revolucionou o tratamento dos miomas uterinos.

Entenda a técnica

O objetivo do procedimento é obstruir as artérias que chegam ao útero. A artéria femoral é puncionada, criando um pequeno furo de mais ou menos 1 mm, na altura da virilha, sob anestesia local ou peridural. Depois um pequeno catéter é introduzido até chegar às duas artérias que alimentam o útero, e consequentemente, o tumor. As artérias não possuem terminais nervosos para sensibilidade dolorosa em seu interior, o que permite que o profissional médico possa navegar livremente com o catéter por dentro dos vasos sanguíneos (artéria e veia), explica Dr. Corvello.

A obstrução de artérias uterinas é feita com uma injeção de micropartículas de polivinil álcool (PVA), material sintético já utilizado na medicina há pelo menos 20 anos e sem rejeição pelo corpo humano. O órgão passa a ser então, nutrido por circulações colaterais que mantém o útero irrigado e com suas funções normais. Os miomas deixam de receber sangue e substâncias do organismo responsáveis por mantê-los crescendo e, com isso, diminuem ou desaparecem, deixando de ocasionar problemas.

A técnica de embolização é feita a mais de 30 anos em todo mundo, inclusive é amplamente difundida na Europa. As embolizações são procedimentos realizados pelo médico especialista em radiologia intervencionista. O especialista faz obstrução de artéria ou veia também em tratamento coadjuvante de câncer de fígado, pulmão, rim, aneurismas e hemorragias em toda parte do corpo. Em todo Brasil existem dezenas de radiologistas intervencionistas perfeitamente habilitados a realizar tais procedimentos, como Dr. Alexander Corvello.

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